A divisão de ideias e a falta de maturidade em saber lidar com crítica

Por Khatlyn Profeta

          Estamos vivendo num momento raro em nosso mundo contemporâneo, onde há polarização extrema e envolve quase todas as áreas da nossa vida.
          Essa polarização alcança discussão científica, modelo de educação, forma de Estado, posicionamento político e tudo mais à nossa volta, e quando há o menor erro, não há equilíbrio ou humildade para saber corrigi-lo. Poucas vezes antes da história tão recente deste nosso país, pudemos ver algo parecido, mas será que é possível podermos compreender este fenômeno, e nos posicionarmos de maneira adequada?
          Para essa compreensão ser mais abrangente é necessário que haja uma obervação da motivação do comportamento daqueles sujeitos que encampam o este campo de batalha.
          Podemos, de forma generalizada separá-los em dois grandes grupos: os sinceros, e os hipócrita (não necessariamente de má fé, vou explicar).
          Os sinceros fazem parte daquele grupo que vai lutar pela sua convicção, pois nela reside parte do seu caráter, e dos seus ideais, mas não necessariamente ele precise passar toda a vida acreditando no mesmo ponto de vista, pois ele é convencido pelos fatos que são recheados de provas e verdade, independente de qual seja seu ponto de vista.
          De forma oposta, o hipócrita vai fazer, dizer ou defender algo que o faça ser, ou pelo menos parecer ser, algo que naquele momento lhe trás status e aceitação social. Muitas vezes as pessoa que se encontram nesse grupo começam bem intencionadas apenas seguindo uma moda, mas sem defender algo que realmente faça parte de suas convicções, e por causa disso, com o passar do tempo haverá a ruptura daquele pensamento. Mesmo que provas, argumentos, ou a lógica militem contra algo que ele defende, sua mudança de paradigmas e posicionamento não está vinculada à isso, e sim ao que lhe trás melhor/maior retorno. Seu posicionamento nada mais é do que uma encenação, e isso, por vezes, lhe causa grande revolta.
          Permeando estes dois grupos temos mais dois: os dissimulados, e os autênticos.
          Alguém pode ser sincero, defender seu posicionamento por que acredita realmente que ele seja o correto/ideal, e ainda ser dissimulado, e tratar com cinismo e ironia aqueles que o contradigam, assim como pode ser autêntico, e expressar, custe o que custar, sua verdade.
          Da mesma forma, os hipócritas nas ideias podem ser dissimulados na defesa delas, como poder ser autênticos, e mostrar sua opinião de maneira transparente.

 

          Ainda existe mais uma observação à ser feita, existem os maduros, e os imaturos.

          Esses podem se associar a qualquer característica dos grupos já citados acima, e a grande diferença é que os imaturos se magoam e agem pelas emoções, aí esses sim polarizam onde não deveria estar polarizado.

          Os maduros sabem diferenciar o importante, a crítica construtiva, e o relevante, e se mantém onde estão porque vale à pena, não permitindo que os sentimentos os levem à apunhalar aqueles que neles investiram e apoiaram, e tal como adultos, sabem discordar e manter o respeito, e o relacionamento (qualquer que seja).
          Na nossa sociedade atualmente falta principalmente este ultimo fator de maturidade.
          Dissimulação, falsidade, mentira e falta de caráter sempre existiram, e sempre irão existir, mas a falta de maturidade em lidar com os problemas e com as críticas, destrói a construção de um futuro, destrói a democracia de ideias, e polariza aqueles que deveriam lutar lado à lado pela construção do que realmente é relevante: a sociedade sadia e estruturada.
          Então, levanto aqui meu apelo à todos aqueles que tem este mesmo sonho:

Não se deixem levar pelas críticas à um ponto ou outro que não fazem parte dos princípios, não se deixem levar pela ferida aberta de uma crítica, e principalmente, não traiam aqueles que estiveram ao seu lado até agora.

          Que saibamos diferenciar o essencial do trivial, e o tratável do repugnante. Que não destruamos nossas amizades e vínculos por discordância irrelevante, deixemos guardadas as atitudes radicais aos mau-caráteres que nos rodeiam e lutam para nos destruir. Guerra interna poupa o inimigo do trabalho.
          Fiquem com Deus.

                            Até a próxima.