As Janelas da Alma

Por Khatlyn Profeta

Muito provavelmente você já ouviu falar que os olhos são as janelas da alma, mas você realmente sabe o que isso quer dizer, e qual a sua abrangência?
Os olhos não são a única janela que a nossa alma possui, pois todos os nossos cinco sentidos são janelas, mas entre eles são principalmente a visão e a audição.
Existem muito pontos de vista que podem ser abrangidos aqui, mas hoje eu escolhi falar da personalidade, e principalmente da fase de formação dela: a infância e a pré-adolescência.
Ao contrário do que muitos acreditam, a adolescência não é a fase onde a personalidade e o caráter estão se formando, é apenas a fase onde elas estão se mostrando de forma mais corajosa pelo indivíduo. Aquele que teve uma vida estruturada antes dessa fase, não se desvirtua nela, nem tampouco “inventa” coisas que nunca teve vontade de fazer, o que há de novo nessa fase é a coragem de fazer, ou a falta de coragem que leva a ceder às sugestões e pressões dos outros, digo isso por experiência própria e testemunhada.
Acredite você ou não, mas a maioria daqueles que possuem manias, principalmente as fortes, e vícios, foram apresentadas a estas situações na infância, muitas vezes na primeira infância, mas por causa dos costumes da família e por freios morais que os rodeiam, essa influência só irá tomar conta das atitudes muitos anos mais tarde.
As janelas que abrimos na nossa alma são sempre inversamente proporcionais em força e tamanho a nosso entendimento e maturidade, por isso uma criança pequena, por mais que queira e se esforce pra que isso não aconteça, tem uma janela mais frágil, e está muito propensa a estímulos mentais que muitas vezes nem sequer compreendem, mas as afetam tão profundamente que podem mudar completamente seu comportamento e personalidade.
O maior exemplo disso tudo é a violência doméstica.
Inúmeros estudos mostram que crianças que cresceram em lares violentos, ou presenciaram violência, tem maior probabilidade de se tornarem instáveis emocionalmente, tanto propensos à agressão, quanto inertes a ela.
Um artigo redigido por Andréa Direne Atalla e Sérgio Tibiriça, traz no seguinte trecho a mesma ideia¹:
“Os agressores vem de lares em que os pais quase sempre brigam física e verbalmente diante dos filhos, dão surras em qualquer situação e os ameaçam para conseguir as atitudes desejadas. Pais desatentos, ausentes e negligentes em sua função contribuem para a formação de um indivíduo com extensa confusão mental, associada a frustrações sociais e de comportamento diferenciado. Para Célia Zapparolli, presidente do Instituto Pró- Mulher de São Paulo, filhos de famílias violentas se tornam violentos e geram famílias violentas. Eles acabam entendendo a violência como algo natural. “
Se analisarmos qual foi a formação da alma desta criança veremos que com grande dificuldade, e somente com muita ajuda, um indivíduo se livra deste futuro, mas diga-se de passagem, não é impossível, basta querer.
Contudo, a formação da personalidade e do caráter do indivíduo são muito mais profundos que apenas a visualização de certas atitudes ou comportamentos, de acordo com as experiências que ele passou e acompanhou, é preciso uma parte de vivência para que aquele fato se torne um ato no futuro, por isso o termo janela da alma.
Quando as janelas das nossas almas estão fechadas o conteúdo não entra, mas existem muitas formas de janela que se apresentam em força e tamanho de acordo com a força emocional de cada indivíduo. Naquelas “de vidro”, mais frágeis, mesmo sem vivenciar, parte da experiência é absorvida pela visualização, mas nesta modalidade há a possibilidade de fortalecimento do ser, assim como acontece com uma vacina que aplica no organismo uma pequena quantidade do vírus a fim de fortalecê-lo contra ele.
Entretanto, é nesta modalidade de experimentação que muitos limites são ultrapassados por pais muitas vezes bem intencionados, mas que não entendem que a maioria das janelas das almas das crianças é de um vidro muito frágil, e esta superficial experimentação pode não ser tão superficial e rachar ou quebrar o vidro, causando um efeito muito maior do que o esperado; pode ser devastadora uma simples conversa com uma criança sobre um tema que ela ainda não está preparada para ouvir.
Então, depois de demonstrar todo este problema, qual a solução para que ele não aconteça, ou pelo menos seja menor?
Sabe, me lembro de algumas coisas da minha infância, e depois de tantos ensinamentos que vivi ao longo destes meus poucos anos, um me chama muita atenção no momento: o senso de preservação do ser humano.
Com base neste senso de preservação, percebo que a própria criança impõe seus limites, e não somente na sua vida física, mas na emocional também, então a melhor forma de saber quando parar, e o que apresentar a ela, vem da informação cedida por ela própria.
Só apresente à criança temas diferentes, ousados e/ou complexos quando ela própria lhe der a liberdade, e verifique no seu comportamento e palavras os próprios limites que ela aguenta sem desmoronar.
Uma forma muito simples é perguntar de volta quando há uma pergunta nova, mas acima de tudo seja sincero, e exponha à criança a sua opinião, mesmo que ela seja negativa, expressando de forma não ofensiva que aquele assunto não é lá muito bom.
Um exemplo simples para isso é a pergunta: De onde vem os bebês?
Antes de responder a esta pergunta analise duas coisas essenciais: qual a idade da criança, e qual o conhecimento que ela já possui.
Não sabendo responder imediatamente a um destes questionamentos, devolva uma parte da pergunta à criança e se inteire do assunto, por exemplo: O que você já sabe sobre o assunto? E por que razão este interesse?
Uma história que ouvi recentemente me fez pensar muito sobre a correta forma de abordagem.
Diz-se que uma criança na pré escola chegou em casa e perguntou a um dos pais o que era sexo. Constrangido, o adulto explicou nos mínimos detalhes, aquilo que pra ele seria esclarecedor para a criança, e derramou sobre ela informações “de adulto”.
No fim de sua explanação, a criança lhe trouxe outra pergunta: “Mas então o que eu marco aqui: masculino ou feminino?”
Pense um pouco nesta história e veja que pode ter sido criada nesta criança uma curiosidade precoce que a levará a querer experimentações também precoces, e desta forma desencadeando uma desregulação do ciclo normal de amadurecimento.
Antes de concluir este meu simples conselho, advirto: não se engane, as janelas das nossas almas absorvem luz e informações em todas as fases, mesmo sendo adulto, e “maduro”, não deixe que por ela entrem conceitos, parâmetros e outras coisas mais que distorçam seu eu. Há sempre a necessidade de fechar as janelas, não se esqueça que nos dias de chuva e tempestade você não deixaria as janelas de sua residência aberta, da mesma forma, durante as tempestades que nos rodeiam, cuide do que há de mais precioso: a essência do ser.

Ansiedade

Por Khatlyn Profeta

          Ansiedade, uma palavra tão comum nos tempos atuais.
          Muitos apresentam sintomas nervosos, desespero, distúrbios fisiológicos, ou simplesmente redução da capacidade de atuação ou decisão.

          Pode ser tratada, inclusive, como distúrbio psiquiátrico, dependendo de sua intensidade e duração.

          Mas na verdade o que é a ansiedade para aqueles que a vivenciam?
          Não sou médica, psiquiatra ou psicóloga, mas sou uma pessoa ansiosa por natureza, e vivencio em muitos momentos esta sensação, por esta razão resolvi buscar mais sobre o assunto, e desta minha busca compartilho meu pensamento aqui.
          De início, o conceito de ansiedade:
    Segundo o Dicionário Aurélio: “Angústia, aflição, grande inquietude. / Desejo veemente, impaciência, sofreguidão, avidez. / Medicina Estado psíquico acompanhado de excitação ou de inibição, que comporta uma sensação de constrição da garganta.
          Segundo a Wikipédia: “É uma característica biológica do ser humano, que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de vazio no estômago, coração batendo rápido, medo intenso, aperto no tórax, transpiração etc.”
          O mais interessante dos conceitos, na minha opinião, é o da Wikipédia, e me leva a pensar numa coisa, quantos perigos imaginários passamos no dia a dia que nos leva a passar por essas desconfortáveis sensações?
          A grande maioria destes “perigos” não é efetivamente perigo físico, mas sim o perigo da vergonha, do vexame, do erro, da falta de confiança etc. E se pararmos pra pensar melhor em cada uma dessas sensações, veremos que são só isso: sensações. Nem sempre é algo assim, tão possível, ou tão provável.
          Excluindo-se os casos patológicos, ou os medos irracionais, a grande maioria das sensações de ansiedade podem ser controladas, reduzidas, ou pelo menos, entendidas.
          Muitas coisas na minha vida, me colocam em situações onde a ansiedade se mistura ao cotidiano, principalmente em temporadas de campeonatos e apresentações públicas, e com isso pude vivenciar inúmeras técnicas para reduzir a ansiedade que nos ataca de forma tão avassaladora.
          Um dos meus métodos preferidos é a respiração pausada combinada com distração.
Distração? E não concentração no objetivo? Sim! Percebi que quanto mais eu me distraio e tento esquecer aquilo que me aflige, mas calma eu fico, e maior a possibilidade de dar certo meu intento.
          Mas esta técnica é aplicada somente nos instantes imediatamente anteriores ao acontecimento, que normalmente é uma apresentação, um campeonato etc, e que foi precedido por muitos treinos e aperfeiçoamentos, e se o máximo de mim já foi desenvolvido, o nervosismo de tentar deixar “mais perfeito” não ajuda, só atrapalha.
          Confie em si mesmo e na preparação, se não dá pra confiar, simplesmente relaxe, e deixe acontecer, o sentimento de “o que tiver que ser será” nos tira um enorme peso dos ombros.
     Contudo, se o momento não é de uma performance, é uma viagem, ou um acontecimento desvinculado do nosso controle é exatamente aí que mora a ansiedade: no controle.
          Constatei, também, que o simples fato de entregar o controle pra Deus, nos faz menos ansioso.
          Afinal, como podemos ficar ansiosos, que é sinônimo de preocupados, com algo no qual não temos a menor influência?
          Quase sempre me refiro aos ensinamentos dos meus pais, principalmente aos da minha mãe, que dedicava boa parte do seu dia às conversas durante toda minha vida, e um de seus ensinamentos é que ansiedade é o contrário de confiança e fé, pois como podemos confiar que Deus fará o melhor pra nós, e não descansar nisso?
          Um texto bíblico muito claro nesse ponto é o de Filipenses 4:6:
Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.”
          Lendo isso você pode dizer: “Mas eu confio em Deus, acredito que Ele fará o melhor, mas mesmo assim não consigo ficar calmo(a)!”
          Meu conselho para você está em Mateus 6: 34:
Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.”
          É claro que não significa que você não vá experimentar aquele friozinho na barriga, ou uma repentina aceleração do coração, mas é nesses momentos que você respira, pensa:”Deus me capacita”. ou “Deus está no controle.”, e segue em frente.
          Não deixe o medo e a ansiedade que ele causa, paralisarem você, ou desestruturarem os seus planos, o equilíbrio não é a falta de sensações, mas é saber lidar com cada uma delas para que haja sempre crescimento.
          E caso não dê certo, não fique procurando o culpado, de forma mais tranquila possível, tente corrigir os erros, caso eles existam, e siga em frente, a vida não para.
          Fiquem com Deus.

Música, Mídia e a Invasão da Mente

Por Khatlyn Profeta

          Não sei brincar com as palavras de forma sublime como os salmistas, ou poetas, nem tampouco me fazer expressar por melodias cativantes como os admirados artistas que rodeiam nossa memória.
          Entretanto, mesmo que limitado, meu conhecimento linguístico e musical, me faz filtrar bastante aquilo que ouço, e me deixa um tanto crítica às músicas que nos cercam hoje em dia.
          Ter um refrão com uma letra vazia de conteúdo, e no máximo quatro variações de acordes na melodia, hoje fazem mais sucesso que uma letra que realmente transmitem uma boa mensagem.
          Houve um tempo em que pra se fazer sucesso no ambiente musical era necessário ser bom, ter uma boa letra, e nem tanto uma boa produção.
          Mas o que mudou de lá pra cá?
          No Brasil?
          Na minha opinião, a Jovem Guarda…
          Pois é! Qual o ponto forte daqueles jovens? Publicidade, e não qualidade.
          Não quero desrespeitar e nem ofender aqueles que apreciam a carreira daquelas pessoas, principalmente os fãs de Roberto Carlos, que de todos eles me parece o mais famoso hoje em dia, contudo, creio que a qualidade musical dos sucessos no Brasil vem caindo gradativamente e exponencialmente a cada lançamento musical.
          Felizmente, uma parte dos nomes de qualidade ainda resistem à essa enxurrada de imoralidade, ou simplesmente falta de conteúdo.
          Contudo, a invasão feita na mente das gerações há tanto tempo, nos deixou anestesiado a essa falta de qualidade, e muitas vezes até à imoralidade embutida nas letras, permitindo que essa imundícia permeie a mente daqueles que ainda, em formação, não sabem distinguir com perfeição o que lhes é construtivo.
          Assim como a violência, a lascívia entrou furtivamente, aos poucos nas programações na mídia em geral, e não é outro o ocorrido com as músicas.
          Aos poucos se falava de amor, depois de romances de forma mais ousada, e chegou-se às letras realmente imorais e indecentes que antes nem se sonhava existir tão deliberadamente, e hoje até aquelas letras de artistas considerados “nobres” são permeadas de lascívia, infidelidades e descrições inapropriadas, que inevitavelmente chegam aos ouvidos dos desavisados, ou através de um vizinho um pouco abusado, ou em locais públicos etc.
          O fato é, que a cada dia que se passa esses temas se tornam habituais aos ouvidos, a exigência pela qualidade diminui, e a consciência do “normal” reduz a qualidade.
          Espero que nosso conceito de certo e errado, não sucumba àquele ditado pela mídia que apenas se importa em lucrar às custas da mente daqueles que a aceitam.
         Pensemos, e não nos conformemos.
         Fiquem com Deus.

O Karate e o Cristão

Por Khatlyn Profeta

    Frequentemente sou questionada sobre a prática das artes marciais e sua compatibilidade com a minha fé cristã.

    Estive pensando sobre isso e cheguei a uma simples conclusão: o que você aprende pode ser filtrado e limitado ao entrar em sua mente.

    Há mais de 20 anos professo a fé cristã, e há quase um ano pratico caratê, uma arte marcial tradicional japonesa, desenvolvida através do aperfeiçoamento do okinawate uma arte tradicional da Ilha de Okinawa, na época da divulgação desta arte marcial vizinha do Japão, e hoje compõe o território do país.

    Por suas raízes, e por sua fixação no Japão, o karate, assim como a maioria das artes marciais do extremo oriente, tem sua filosofia influenciada nos costumes e cultura destes locais, baseando-se no autoconhecimento – principalmente da mente -, o respeito, a não violência e meditação.

    Filosofia à parte, e fora o culto aos mortos, uma arte marcial, assim como qualquer outra atividade cardiovascular, é extremamente benéfica ao corpo, e auxilia inclusive no equilíbrio da mente. Não porque seja a atuação da “energia” ou qualquer coisa assim, mas pela simples razão de que o corpo equilibrado com seus elementos químicos produz satisfação suficiente para a mente, que se acalma, a conhecida liberação de endorfina pelo exercício físico é o exemplo mais claro.

Mas então por qual razão existe todo aquele ritual de início e fim nos treinos?

Simples: disciplina e ordem trazem aperfeiçoamento.

Se numa sala de aula, quanto mais disciplina maior o aprendizado, ou se numa família, a disciplina imposta pelos pais contribui, inclusive, para o caráter dos filhos, não é outra a experiência vivida num treino.

Devemos lembrar ainda, que a cultura onde foi criada esta arte marcial, é uma cultura muito mais rígida que a maioria dos lares ocidentais, onde a hierarquia e o respeito se assemelham mais ao cotidiano militar, do que os jovens de hoje estão acostumados.

Desta forma, o respeito à ordem dentro do local de treino, o respeito à hierarquia das graduações, e acima de tudo à autoridade do mestre que repassa seu conhecimento, são as bases de qualquer aprendizado, e contra isso não há argumentos.

Existem algumas regras que devem ser seguidas antes de aprender simplesmente os golpes do karate:

  • Esforçar-se para a formação do caráter (formar uma personalidade de valor);
  • Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão (valorizar a honestidade);
  • Criar o intuito do esforço (intenção de se esforçar cada vez mais pelos seus objetivos);
  • Respeito acima de tudo (valorizar os bons costumes e obedecer seus superiores e as autoridades);
  • Conter o espírito de agressão (condenar a violência motivada pelo ímpeto).

 

Voltando ao ponto de vista intrinsecamente cristão, não há nenhum lugar na Bíblia que nos fale contra qualquer destas coisas.

Pelo contrário, em muitos trechos do texto bíblico, vemos ensinamentos referentes à obediência, disciplina, ordem e caráter.

Com uma ressalva ao cumprimento dedicado ao fundador do karate – que já está morto, e este ritual eu não pratico – não há uma prática que seja contrária aos ensinamentos bíblicos.

Entretanto, na cultura oriental o fato de se curvar não representa o culto, e sim uma mera reverência de respeito, da mesma forma com que os cumprimentos são feitos cotidianamente com esta postura corporal, mas há aqueles que como eu não se sentem à vontade em fazê-lo.

É claro que pra mim, assim como para a esmagadora maioria dos cristãos, a fé cristã não pode se misturar a nada que não esteja apoiado na Bíblia, base dos ensinamentos cristãos.

Contudo a nossa cultura, além dos ensinamentos judaico-cristãos, é ainda uma cultura ocidental, e muitas vezes para nós a prática dos costumes orientais estranha-nos, e não necessariamente aquilo que vemos nesta cultura tem fundamentos puramente religiosos, e é isso que devemos saber separar em nossas mentes e corações.

 

Mas para o caso daqueles que ainda não se convenceram pela minha superficial explanação, eu deixo este texto bíblico que minha mãe me ensinou a tomar como base das minhas decisões:

Colossenses 3:15 “Seja a paz de Cristo o árbitro nos vossos corações à qual também fostes chamados em um só corpo: e sede agradecidos.”

Em não havendo paz, e tranquilidade nas decisões, outro ensinamento da minha mãe: Na dúvida não ultrapasse.